Durante as entrevistas, as
profissionais que responderam que não registrariam boletim policial no caso de
sofrerem agressão física foram questionadas sobre qual a razão para essa
omissão.
Algumas das respostas encontradas já
foram anteriormente expostas, como o preconceito e o fato de não resultar em
uma resposta jurídica ao ofensor. Nesse contexto, a resposta mais encontrada
foi que fazer registro de ocorrência "mancha o nome delas".
Segundo as profissionais, aquela que
fizer boletim de ocorrência e tomar medidas toda vez que for agredida será
vista pelos clientes como "encrenqueira" e perderá a procura pelo seu
serviço. Diante da necessidade econômica das entrevistadas e de elas precisarem
da procura dos clientes para o seu sustento, elas acabam se sujeitando a sofrer
violências caladas a passarem necessidade.
Assim, constata-se que as
profissionais do sexo são um grupo de extrema vulnerabilidade social. Além de
ser relativamente comum elas sofrerem agressões no trabalho, aquela que se
insurgir contra tal comportamento será mal vista pelos clientes. Nesse sentido,
é preciso uma atenção especial do poder público para proteção desse grupo
vulnerável. Abaixo, veja alguns comentários das entrevistadas obre o assunto:
“Não faço (denúncia) por que suja o nome da gente, é pior fazer eu
acho.”
“(sobre por que não faz ocorrência) para não expor meu nome”
“Os resultados não sei, fiz a ocorrência e depois tive que ir
viajar, saí da cidade, nem
sei o que aconteceu.”
De tal forma, se constata que as
profissionais do sexo vivem situação semelhante à dos trabalhadores celetistas.
Assim como muitos destes evitam ajuizar ações na Justiça do Trabalho pelo temor
de ficarem conhecidos como “encrenqueiros” e não conseguirem mais emprego,
aquelas também evitam fazer denúncias das violências sofridas pelo medo de
perderem seus clientes, ou seja, seu meio de subsistência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário