Como surgiu?

O blog é o resultado de pesquisa desenvolvida na disciplina de Criminologia, do curso de Direito da UFSM, ministrada pelo Prof. Dr. Salo de Carvalho. A proposta de investigação era a de observação de uma questão criminológica que envolvesse a cidade de Santa Maria-RS. Após a escolha do problema de pesquisa, o grupo criou o blog "Insiders" como um canal de diálogo com os corpos discente e docente da Faculdade.


Acadêmicas: Alice Lucena, Ana Luiza Espindola, Camila Carilo, Érica Dutra, Fernanda Lenz e Mariana Salla.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

PESQUISA - A REALIDADE DAS PROFISSIONAIS DO SEXO

Aplicando um questionário a oito profissionais do sexo de uma casa noturna da cidade, procurou-se obter informações para enriquecer nosso entendimento sobre o assunto e apresentar um trabalho fidedigno com a realidade destas profissionais na cidade de Santa Maria RS.
A entrevista foi realizada no próprio ambiente de trabalho, fora do horário de expediente, e os resultados foram de grande valia para nossa atividade acadêmica.
As perguntas foram formuladas pelo grupo, após o consenso de que deveriamos realizar este trabalho sem invadir a privacidade das profissionais do sexo e de seus clientes, nem a casa trabalhada. 

Perguntas
1- Qual a sua idade?
            Profissional n.º 1: 26 anos
            Profissional n.º 2: 19 anos
            Profissional n.º 3: 35 anos
            Profissional n.º 4: 21 anos
            Profissional n.º 5: 29 anos
            Profissional n.º 6: 24 anos
            Profissional n.º 7: 33 anos
            Profissional n.º 8: 24 anos

2- Quanto tempo de profissão?
            Profissional n.º 1: 4 anos
            Profissional n.º 2: 1 ano
            Profissional n.º 3: 8 anos
            Profissional n.º 4: 1 ano e meio, mais ou menos
            Profissional n.º 5: 6 anos
            Profissional n.º 6: 3 anos
            Profissional n.º 7: Faço desde os meus 22 anos, então isso dá 9 anos, é tempo, hein!
            Profissional n.º 8: 5 anos

3- Qual o local do seu trabalho?        
            Profissional n.º 1: Casa noturna e motel
            Profissional n.º 2: Casa noturna
            Profissional n.º 3: Já fiz programa na rua, mas hoje em dia só na casa noturna pela segurança que tem.
            Profissional n.º 4: Iniciei na noite da cidade, nas festas, mas o movimento diminuiu, daí vim para a casa noturna.
            Profissional n.º 5: Anuncio e faço aqui.
            Profissional n.º 6: Só aqui (na casa noturna).
            Profissional n.º 7: Atualmente trabalho onde me chamam, mas já fiz trabalho de rua, por anúncio e por intermédio de clientes mesmo que indicam.
            Profissional n.º 8: Prefiro fazer no meu apartamento, mas venho aqui (casa noturna) quando o movimento está bom e me chamam.

4- Você trabalha para alguém ou por conta própria?
            Profissional n.º 1: Para a casa noturna e também por conta própria
            Profissional n.º 2: Somente para a casa noturna
            Profissional n.º 3: Faço programa aqui (na casa noturna) e às vezes faço programas particulares com clientes mais antigos.
            Profissional n.º 4: Faço programa por telefone, e aqui (casa noturna)
            Profissional n.º 5: Faço os dois
            Profissional n.º 6: Trabalho só na casa.
            Profissional n.º 7: Os dois.
            Profissional n.º 8: 90% do meu trabalho é por conta própria, mas trabalho aqui um pouco.

5- Você tem segurança pessoal?
            Profissional n.º 1: Não, somente os [seguranças] da casa.
            Profissional n.º 2: Não
            Profissional n.º 3: Não
            Profissional n.º 4: Não tenho um segurança, mas tenho a minha própria segurança (spray de pimenta).
            Profissional n.º 5: Não
            Profissional n.º 6: Não
            Profissional n.º 7: Não.
            Profissional n.º 8: Não, mas faço luta na academia.

6- Você já sofreu algum tipo de violência no seu trabalho?
            Profissional n.º 1: Sim
            Profissional n.º 2: Não
            Profissional n.º 3: Sim
            Profissional n.º 4: Violência física não, mas verbal sim.
            Profissional n.º 5: Sim
            Profissional n.º 6: Não
            Profissional n.º 7: Uma vez só
            Profissional n.º 8: Uma vez roubaram minha calcinha, isso também é crime, né? hahahah

7- Com qual frequência acontecem os delitos contra você?
            Profissional n.º 1: Raramente
            Profissional n.º 2: -
            Profissional n.º 3: É difícil dar problema, mas quando eu trabalhava na rua era complicado, pois, se não pagavam antes, depois sempre dava discussão.
            Profissional n.º 4: Difícil acontecer.
            Profissional n.º 5: Muito difícil dar briga.
            Profissional n.º 6: -
            Profissional n.º 7: Uma única vez
            Profissional n.º 8: -

8- Quando há violência qual o procedimento habitual a fazer? Faz ocorrência?
            Profissional n.º 1: Não fiz ocorrência.
            Profissional n.º 2: Se sofresse algum tipo de violência, faria a ocorrência, sim.
            Profissional n.º 3: Olha, eu já fiz ocorrência, agora não faria mais.
            Profissional n.º 4: Nunca precisei.
            Profissional n.º 5: Fiz ocorrência porque apanhei mesmo, mas dei também, dai fiquei com medo de ele fazer a ocorrência primeiro e eu ter problemas.
            Profissional n.º 6: Se eu sofrer alguma agressão um dia, farei a ocorrência com certeza.
            Profissional n.º 7: Não faço ocorrência.
            Profissional n.º 8: Ocorrência não.

9- Por quê? Quais os resultados?
            Profissional n.º 1: Para não expor meu nome.
            Profissional n.º 2: -
            Profissional n.º 3: Nunca dá em nada, os caras acham que a gente que provoca as brigas, que os caras é que não vão querer se incomodar, então a culpa ainda fica na gente mesmo.
            Profissional n.º 4: Como não vivi nenhuma situação assim, não sei se faria ou não, mas acho que sim.
            Profissional n.º 5: Os resultados, não sei, fiz a ocorrência e depois tive que ir viajar, saí da cidade, nem sei o que aconteceu. Não senti preconceito direto. Mas vi que os caras me olhavam diferente, tipo me avaliando
            Profissional n.º 6: -
            Profissional n.º 7: Não faço porque suja o nome da gente, é pior fazer eu acho.
            Profissional n.º 8: -

10- Alguma vez você já se sentiu tratada diferente por causa da sua profissão?
            Profissional n.º 1: As pessoas acham que as profissionais do sexo não são gente normal.
            Profissional n.º 2: A minha família não pode saber da minha profissão, eu saio de casa dizendo que vou para festas, dormir na casa de amigos, tipo assim.
            Profissional n.º 3: Eu não to nem aí para o que acham, eu faço o que quiser comigo mesma. Mas claro que há preconceito, sim. Vai dizer numa loja “profissão: prostituta” pra ver a cara que te olham.
            Profissional n.º 4: Poucas pessoas sabem o que faço, fora do meio. Mas com as que sabem não tive nenhum problema.
            Profissional n.º 5: Claro que somos tratadas diferentes. Os caras querem só sexo, imagina se eles vão te querer para casar, muito raro uma de nós arrumar marido nesta vida. Mas também nem queria mesmo.
            Profissional n.º 6: Se me tratarem diferente, faço outra ocorrência. Aah, faço!
         Profissional n.º 7: Quanto ao tratamento dos clientes não, eles que nos procuram, né? Mas, das pessoas em geral, é obvio que sim! Não saio contando o que faço para me sustentar.  
            Profissional n.º 8: Sim, já fui bem mal tratada quando falava que era prostituta, mas agora não falo mais abertamente e então as pessoas me tratam normal.

Um comentário:

  1. Sou estudante de Direito da UFSC, aluna da professora Vera Andrade e uma recém interessada por Criminologia. O trabalho de vocês está sensacional, muito bom mesmo. Parabéns!

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