Aplicando um questionário a oito profissionais do sexo de uma casa noturna da cidade, procurou-se obter informações para
enriquecer nosso entendimento sobre o assunto e apresentar um trabalho
fidedigno com a realidade destas profissionais na cidade de Santa Maria RS.
A entrevista foi realizada no próprio ambiente
de trabalho, fora do horário de expediente, e os resultados foram de grande
valia para nossa atividade acadêmica.
As perguntas foram formuladas pelo grupo,
após o consenso de que deveriamos realizar
este trabalho sem invadir a privacidade das profissionais do sexo e de seus clientes, nem a casa trabalhada.
Perguntas
1- Qual a sua idade?
Profissional n.º 1: 26 anos
Profissional n.º 2: 19 anos
Profissional n.º 3: 35 anos
Profissional n.º 4: 21 anos
Profissional n.º 5: 29 anos
Profissional n.º 6: 24 anos
Profissional n.º 7: 33 anos
Profissional n.º 8: 24 anos
2- Quanto tempo de
profissão?
Profissional n.º 1: 4 anos
Profissional n.º 2: 1 ano
Profissional n.º 3: 8 anos
Profissional n.º 4: 1 ano e meio,
mais ou menos
Profissional n.º 5: 6 anos
Profissional n.º 6: 3 anos
Profissional n.º 7: Faço desde os
meus 22 anos, então isso dá 9 anos, é tempo, hein!
Profissional n.º 8: 5 anos
3- Qual o local do
seu trabalho?
Profissional n.º 1: Casa noturna e
motel
Profissional n.º 2: Casa noturna
Profissional n.º 3: Já fiz programa
na rua, mas hoje em dia só na casa noturna pela segurança que tem.
Profissional n.º 4: Iniciei na noite
da cidade, nas festas, mas o movimento diminuiu, daí vim para a casa noturna.
Profissional n.º 5: Anuncio e faço
aqui.
Profissional n.º 6: Só aqui (na casa
noturna).
Profissional n.º 7: Atualmente
trabalho onde me chamam, mas já fiz trabalho de rua, por anúncio e por
intermédio de clientes mesmo que indicam.
Profissional n.º 8: Prefiro fazer no
meu apartamento, mas venho aqui (casa noturna) quando o movimento está bom e me
chamam.
4- Você trabalha para
alguém ou por conta própria?
Profissional n.º 1: Para a casa
noturna e também por conta própria
Profissional n.º 2: Somente para a
casa noturna
Profissional n.º 3: Faço programa
aqui (na casa noturna) e às vezes faço programas particulares com clientes mais
antigos.
Profissional n.º 4: Faço programa
por telefone, e aqui (casa noturna)
Profissional n.º 5: Faço os dois
Profissional n.º 6: Trabalho só na
casa.
Profissional
n.º 7: Os dois.
Profissional n.º 8: 90% do meu
trabalho é por conta própria, mas trabalho aqui um pouco.
5- Você tem segurança
pessoal?
Profissional n.º 1: Não, somente os
[seguranças] da casa.
Profissional n.º 2: Não
Profissional n.º 3: Não
Profissional n.º 4: Não tenho um
segurança, mas tenho a minha própria segurança (spray de pimenta).
Profissional n.º 5: Não
Profissional n.º 6: Não
Profissional n.º 7: Não.
Profissional n.º 8: Não, mas faço
luta na academia.
6- Você já sofreu
algum tipo de violência no seu trabalho?
Profissional n.º 1: Sim
Profissional n.º 2: Não
Profissional n.º 3: Sim
Profissional n.º 4: Violência física
não, mas verbal sim.
Profissional n.º 5: Sim
Profissional n.º 6: Não
Profissional n.º 7: Uma vez só
Profissional n.º 8: Uma vez roubaram
minha calcinha, isso também é crime, né? hahahah
7- Com qual
frequência acontecem os delitos contra você?
Profissional n.º 1: Raramente
Profissional n.º 2: -
Profissional n.º 3: É difícil dar
problema, mas quando eu trabalhava na rua era complicado, pois, se não pagavam
antes, depois sempre dava discussão.
Profissional n.º 4: Difícil
acontecer.
Profissional n.º 5: Muito difícil
dar briga.
Profissional n.º 6: -
Profissional n.º 7: Uma única vez
Profissional n.º 8: -
8- Quando há violência
qual o procedimento habitual a fazer? Faz ocorrência?
Profissional n.º 1: Não fiz
ocorrência.
Profissional n.º 2: Se sofresse
algum tipo de violência, faria a ocorrência, sim.
Profissional n.º 3: Olha, eu já fiz
ocorrência, agora não faria mais.
Profissional n.º 4: Nunca precisei.
Profissional n.º 5: Fiz ocorrência
porque apanhei mesmo, mas dei também, dai fiquei com medo de ele fazer a ocorrência
primeiro e eu ter problemas.
Profissional n.º 6: Se eu sofrer
alguma agressão um dia, farei a ocorrência com certeza.
Profissional n.º 7: Não faço ocorrência.
Profissional n.º 8: Ocorrência não.
9- Por
quê? Quais os resultados?
Profissional n.º 1: Para não expor meu
nome.
Profissional n.º 2: -
Profissional n.º 3: Nunca dá em
nada, os caras acham que a gente que provoca as brigas, que os caras é que não
vão querer se incomodar, então a culpa ainda fica na gente mesmo.
Profissional n.º 4: Como não vivi
nenhuma situação assim, não sei se faria ou não, mas acho que sim.
Profissional n.º 5: Os resultados,
não sei, fiz a ocorrência e depois tive que ir viajar, saí da cidade, nem sei o
que aconteceu. Não senti preconceito direto. Mas vi que os caras me olhavam diferente,
tipo me avaliando
Profissional n.º 6: -
Profissional n.º 7: Não faço porque
suja o nome da gente, é pior fazer eu acho.
Profissional n.º 8: -
10- Alguma vez você
já se sentiu tratada diferente por causa da sua profissão?
Profissional n.º 1: As pessoas acham
que as profissionais do sexo não são gente normal.
Profissional n.º 2: A minha família
não pode saber da minha profissão, eu saio de casa dizendo que vou para festas,
dormir na casa de amigos, tipo assim.
Profissional n.º 3: Eu não to nem aí
para o que acham, eu faço o que quiser comigo mesma. Mas claro que há
preconceito, sim. Vai dizer numa loja “profissão: prostituta” pra ver a cara
que te olham.
Profissional n.º 4: Poucas pessoas
sabem o que faço, fora do meio. Mas com as que sabem não tive nenhum problema.
Profissional n.º 5: Claro que somos
tratadas diferentes. Os caras querem só sexo, imagina se eles vão te querer para
casar, muito raro uma de nós arrumar marido nesta vida. Mas também nem queria
mesmo.
Profissional n.º 6: Se me tratarem
diferente, faço outra ocorrência. Aah, faço!
Profissional n.º 7: Quanto ao
tratamento dos clientes não, eles que nos procuram, né? Mas, das pessoas em
geral, é obvio que sim! Não saio contando o que faço para me sustentar.
Profissional n.º 8: Sim, já fui bem
mal tratada quando falava que era prostituta, mas agora não falo mais abertamente
e então as pessoas me tratam normal.
Sou estudante de Direito da UFSC, aluna da professora Vera Andrade e uma recém interessada por Criminologia. O trabalho de vocês está sensacional, muito bom mesmo. Parabéns!
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